Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - Os indícios fósseis mais antigos de vida na Terra foram descobertos em rochas de 3,7 bilhões de anos na Groenlândia, aumentando as chances de vida em Marte eras atrás, quando os dois planetas eram semelhantemente desolados, disseram cientistas nesta quarta-feira.
Os especialistas encontraram montículos de entre 1 e 4 centímetros de altura em rochas de Isua, no sudoeste da Groenlândia, que afirmaram ser grupos fossilizados de micróbios semelhantes àqueles encontrados hoje em mares que vão das Bermudas à Austrália.
Se forem confirmados como comunidades fossilizadas de bactérias conhecidas como estromatólitos, ao invés de uma formação natural bizarra, os montículos antecederiam em 220 milhões de anos os fósseis encontrados na Austrália na condição de provas mais antigas de vida na Terra.
"Isto indica que a Terra não era mais uma espécie de inferno 3,7 bilhões de anos atrás", disse à Reuters o principal autor do estudo, Allen Nutman, da Universidade de Wollongong, a respeito das descobertas publicadas no periódico científico Nature.
"Era um lugar onde a vida poderia florescer."
A Terra foi formada cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, e a sofisticação relativa dos estromatólitos indicou que a vida evoluiu rapidamente após um bombardeio de asteróides encerrado cerca de 4 bilhões de anos atrás.
"Os estromatólitos contêm bilhões de bactérias... eles estão fazendo o equivalente a complexos de apartamentos", disse Martin Van Kranendonk, co-autor da Universidade de Nova Gales do Sul que identificou aqueles que até então eram os fósseis mais antigos, datados de 3,48 bilhões de anos atrás.
Na época em que os estromatólitos começaram a se transformar em massas gosmentas em um leito de mar esquecido, a Terra provavelmente era semelhante a Marte, com água líquida na superfície e orbitando um sol que era 30 por cento mais tênue do que hoje, disseram os cientistas.
Estes paralelos poderiam ser um novo incentivo para se estudar se Marte já teve vida, afirmaram os autores do estudo.
"De repente, Marte pode parecer ainda mais promissor do que antes como domicílio em potencial para a vida no passado", escreveu Abigail Allwood, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em um comentário na Nature.